Nossa Visão: Alcançar o Mundo a partir de Taguatinga DF Brasil

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O Valor de uma Liderança Sábia

O Titanic navegava alegremente pelo oceano, mas sua tripulação jamais havia recebido instrução para casos de resgate e emergência. Eles não tinham um plano para a evacuação dos passageiros, e a maioria dos tripulantes não sabia sequer como descer um bote à água.

Tudo precisou ser planejado e aprendido enquanto o barco afundava, o que certamente fez com que muito mais vidas se perdessem. O barco havia sido surpreendido pelos trágicos eventos daquela noite com a "guarda baixa", e o preço pago por isso foi muito alto.

Será que o mesmo acontece conosco? Em caso positivo, nós também pagaremos um alto preço. Todo líder precisa ter a capacidade de enfrentar uma crise e sair dela com êxito, mas o objetivo maior deve ser ter a sabedoria para agir antes que a situação se transforme em uma crise. Muitas de nossas crises são desnecessárias, e surgem como resultado de uma liderança pobre.

Outros dois barcos tiveram um papel importante no drama do desastre do Titanic: o Californian e o Carpathia. Os capitães destes barcos, juntamente com o capitão Smith do Titanic, refletem as melhores e piores características da liderança. O Californian tinha um capitão reservado e cauteloso. Quando ouviu a notícia de que havia gelo em sua rota, ele reduziu a velocidade. Quando viu o gelo, ordenou que o barco parasse e esperassem até o amanhecer. Seu operador de rádio começou a advertir os outros barcos sobre o perigo existente na área. Às 19:30 o Titanic recebeu a mensagem e a registrou. Essa foi uma das seis advertências que o Titanic recebeu naquela noite, e a nenhuma foi dada atenção. Isso demonstra a história de indiferença que havia em sua ponte de comando, não apenas por parte do capitão, mas de todo o pessoal da ponte que não deu atenção às advertências recebidas. Quando essa atitude se apresenta em um líder, o desastre é iminente.
 

O mar Atlântico Norte, geralmente agitado, estava muito calmo naquela noite. Mais de um oficial afirmou que jamais havia visto tal tranqüilidade no mar. O Primeiro Oficial do Titanic observou mais tarde em sua declaração: "Tudo estava contra nós". A calma do mar também alcançaria a tripulação do Californian. O guarda observou o Titanic aproximar-se a algumas milhas, e logo viu quando parou. Primeiro pensaram que estava tendo cuidado por causa do gelo, como eles mesmos haviam feito. O capitão disse ao guarda que o acordasse se algo acontecesse.
Em seguida o Titanic disparou um sinal de emergência. Quando acordaram o capitão, este pensou que o sinal deveria ser para outro barco que não conseguiam ver. O operador de rádio estava dormindo, mas eles nem sequer o despertaram para verificar se seria possível um contato com o Titanic. Mais sinais foram lançados, enquanto a tripulação do Californian continuava pensando na mesma hipótese. Eles ficaram olhando enquanto o Titanic afundava, suas luzes se apagavam e ele desaparecia no mar! Se tivessem respondido ao primeiro sinal, o Californian poderia ter salvo aqueles que morreram.

A complacência no Titanic e no Californian pode parecer incrível, mas será que os nossos líderes econômicos e políticos serão capazes de fazer algo diferente? Quando o final da história chegar, seremos julgados do mesmo modo? A orquestra continuará tocando enquanto afundamos? A racionalização é um escudo popular que os covardes utilizam enquanto os que têm coragem para proclamar as advertências são taxados de "alarmistas" e de propagarem mensagens negativas.

O outro barco envolvido no drama do Titanic era o Carpathia, capitaneado por Arthur H. Rostron, conhecido por sua capacidade de tomar decisões rápidas e infundir energia aos que trabalhavam sob seu comando. Era um homem crente, que sempre orava. Às 00:35 o operador de rádio do Carpathia invade a cabine de Rostron para informar que o Titanic havia se chocado contra um iceberg.

Rostron reagiu como deveria: imediatamente ordenou que o Carpathia retornasse e acelerasse a toda velocidade em direção ao Titanic; e logo depois de fazê-lo, perguntou ao operador se tinha certeza da mensagem! Um notável contraste com a reação da tripulação do Californian. Em seguida, Rostron demonstrou o que é um verdadeiro líder preparado: ele pensou em tudo. Ordenou ao médico inglês que fosse à primeira classe; ao italiano que fosse para a segunda e ao húngaro à terceira. Enviou todas as provisões necessárias para atender aos feridos ou enfermos. Ordenou a diferentes oficiais que se localizassem em diferentes locais do convés, instruindo-os a anotarem os nomes dos sobreviventes e os transmitirem por rádio. Prepararam uma série de macas com cadeiras para colocarem os feridos. Amarraram linhas de bóias dos dois lados do barco, com cordas para prender os botes salva-vidas. Todas as portas do convés foram abertas. Ele também ordenou que os oficiais se encarregassem de seus passageiros, atendendo-os e mantendo-os fora da área na qual estavam os feridos. Todos receberam ordens para preparar café, sopa e provisões. Designou os oficiais que atenderiam os camarotes, salas de fumar, bibliotecas, etc., acomodando os sobreviventes. Em seguida ordenou que parte do pessoal explicasse aos passageiros o que havia sucedido.

Rostron então precisou enfrentar o maior problema: o gelo. Ele aproximava-se a toda velocidade da mesma área na qual o Titanic havia se chocado. Não poderia reduzir a velocidade, mas procurou reduzir o risco para seu próprio barco e passageiros. Colocou um homem no porto da guarda, mais dois na popa, um de cada lado da ponte, e ele próprio se colocou ali de prontidão. Seu segundo oficial, James Bisset, observou que o capitão logo utilizou o recurso que para ele era o mais importante: orou.

Às 02:45 Bisset viu o primeiro iceberg. Eles o rodearam e continuaram avançando. Durante a hora seguinte, contornaram mais cinco. Às 04:00 atingiram a última posição informada pelo Titanic e começaram a levantar os botes salva-vidas. À medida que amanhecia, o cenário tornava-se mais desolador e impactante: o mar estava repleto de icebergs, até onde a vista alcançava. Nem mesmo os sentinelas do Carpathia haviam visto tantos.

O difícil resgate dos sobreviventes do Titanic aconteceu de forma tão ordenada que a paz reinava sobre todos. Os passageiros do Carpathia foram contagiados pelo espírito solidário da tripulação. Os passageiros da primeira classe ofereceram seus camarotes aos sobreviventes; outros faziam tudo o que podiam. Em uma das noites mais escuras e trágicas da história, o capitão, a tripulação e os passageiros do Carpathia se destacam como luzes brilhantes de coragem e heroísmo. São uma demonstração do que é a verdadeira liderança. Não dormiam como os outros; e não se deixaram enganar pela calma do mar: estavam preparados e agiram.

As lições que esta história contém podem ser aplicadas a qualquer situação de crise. O orgulho e/ou a complacência podem levar qualquer empreendimento à tragédia. A preparação pode nos dar a capacidade de enfrentar qualquer tragédia e salvar o que de outro modo se perderia.

Em muitos casos, uma liderança sábia pode evitar que a crise se instale. Entretanto, algumas crises virão, não importa quão sábios ou vigilantes sejamos. Há inúmeros fatores neste mundo que não podemos controlar, e não podemos estar sempre a salvo deles. É correto tentar evitá-los, mas também é aconselhável estar sempre preparado.

Os sábios aprendem com os erros dos outros. A catástrofe do Titanic provavelmente salvou muitos outros barcos de um destino semelhante. E também pode salvar o nosso, se procurarmos aprender com ela.

0 comentários:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...